Para falar de obsessão iniciei uma pesquisa que me mostrou diversas maneiras e formas de como é vista aos olhos dos pesquisadores e psicólogos. Comecei a observar as atitudes de diversas pessoas de meu convívio diário e até fiz uma retrospecção para as minhas próprias atitudes que são consideradas como uma forma obsessiva. Vou citar aqui algumas formas obsessivas como:
- Não consigo sair de casa sem brincos, pois é como se estivesse nua. Quantas vezes percebi perto de casa e retornei para colocar os devidos brincos. Quantas vezes percebi já no trabalho e ficava ansiosa para as lojas abrirem e ir comprar um par de brincos. Para evitar mais transtornos hoje tenho sempre na bolsa um par de brincos de reserva. E aí verifiquei que isso é um tipo de obsessão branda.
- Não passo em baixo de escada e então me pergunto isso é uma superstição ou obsessão?
- Não uso roupa e objetos na cor preta nas sextas feiras, Isso é um hábito que adquirir de minha avó e de minha mãe e continuo até hoje. Só que esse tipo de hábito é um processo obsessivo.
E assim observamos várias formas de obsessão em colegas de trabalho que escovam os dentes toda vez que ingerem algum alimento, que lavam as mãos constantemente e por aí vamos caminhando pelas obsessividades constantes que atuam pela vida.
O que é obsessão?
Obsessões são pensamentos ou impulsos que invadem a mente de forma repetitiva e persistente. Podem ainda ser imagens, palavras, frases, números, músicas, etc. Sentidas como estranhas ou impróprias, as obsessões geralmente são acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer. O indivíduo, no caso do TOC – Transtorno Obsessivo-compulsivo, mesmo desejando ou se esforçando, não consegue afastá-las ou suprimi-las de sua mente. Apesar de serem consideradas absurdas ou ilógicas, causam ansiedade, medo, aflição ou desconforto que a pessoa tenta neutralizar realizando rituais ou compulsões, ou através de evitações (não tocar, evitar certos lugares).
Segundo Fernando Aureliano, um estudioso desse assunto e que convive e batalha com essa doença há 18 anos explana que "ainda hoje a ciência moderna não conseguiu explicar a natureza deste distúrbio, mas já se sabe muitas coisas importantes sobre essa doença que transforma as pessoas em reféns de sua própria consciência.
A medida que a ciência avança em suas pesquisas, fica cada vez mais evidente os fatores biológicos que cooperam para o desenvolvimento desta doença. É muito comum o “Transtorno Obsessivo Compulsivo” (TOC) ocorrer após traumatismos, lesões ou infecções cerebrais. A hiperatividade tende a se normalizar com o tratamento farmacológico bem como com a terapia cognitivo-comportamental.
Fatores de natureza psicológica também influenciam no surgimento, manutenção e agravamento da doença. É possível que o distúrbio surja após algum stress psicológico. Estes conflitos podem agravar os sintomas e podem também alterar a forma de pensar dos pacientes. O TOC pode mudar a forma de perceber e avaliar a realidade, pode fazer com que super valorizemos nossos próprios pensamentos e ações, nos fazendo acreditar que eles possam influenciar diretamente em eventos de escalas grandiosas. Podemos acreditar até mesmo que podemos salvar um planeta inteiro com um simples acender e apagar das luzes.
Algumas características da doença é nos fazer desenvolver rituais para que possamos manter o equilíbrio e a vida no planeta, ou simplesmente, que acreditamos colaborar para que nos faça manter nossa própria integridade. É comum rituais de repetição, preocupações absurdas com limpeza, perfeccionismo. Um portador desta doença acredita verdadeiramente que salva vidas todos os dias.
Os “pensamentos mágicos” podem acompanhar um paciente por dias inteiros, ou até mais. Cada paciente pode apresentar um ou mais destes sintomas, que até o momento são considerados incuráveis. Podem ser diminuídos e se tornarem até mesmo raros através de tratamentos e cirurgias, mas sempre estarão lá.
É importante entender que esse tipo de reação não é algo que surge na cabeça das pessoas com esse problema como algo que possa simplesmente ser ignorado. As ideias que guiam e geram comportamentos nas pessoas com o TOC são extremamente poderosas. E por mais que depois de muito tratamento psicológico os pacientes saibam que aquilo não é real, por mais que tenham completa consciência disso, é como se não tivessem opções. Como se houvesse um ser supremo e super poderoso em sua cabeça que lhe controlasse e lhe obrigasse a seguir com os rituais. Alguns destes rituais chegam a ser feitos, muitas vezes, sem que nós mesmos percebamos. É algo absolutamente incontrolável, como se estivéssemos drogados mesmo. Como se não tivéssemos mais nenhum controle que seja de nosso corpo. Comportamentos “evitativos” também são comuns como forma de não desencadearem essas obsessões.
Tenho absoluta certeza de que não vou conseguir explanar todos os problemas relacionados ao TOC, como não sou a pessoa certa para entrar em detalhes mais profundos.
Existem várias produções interessantes do cinema e da TV que falam sobre o assunto (apesar de um pouco exageradamente, ou não!), como por exemplo os filmes: “Melhor é impossível“, “O Aviador” e o seriado “Monk“. "