sábado, 6 de agosto de 2011

" O INCÊNDIO"


Acordei com o Inspetor Fonseca acordando a todos nós no dormitório do Internato. O Colégio estava pegando fogo e só se via o tumulto das pessoas correndo. Dava para ouvir as breves explosões vindas do laboratório de química, no térreo, do refeitório. Ele pediu para que todos descessem e os meus colegas ainda tiveram a coragem de descer do terceiro andar, com cordas, mas eu estava preocupado com a minha irmã Lisa que estava do outro lado, na ala dos dormitórios femininos. Precisava ir buscá-la e não sabia como chegar lá porque estava tudo tomado pela fumaça.


Parecia um pesadelo o que estava acontecendo no Colégio naquela madrugada. Fui esticando o pescoço entre as pessoas, e identificando os locais e as coisas que estavam desaparecendo, mas a falta de claridade não ajudava.  O inspetor   estava correndo para todos os lados pedindo calma e mandando todos descerem.

Estava no terceiro andar onde ficavam os dormitórios e vi que o fogo estava tomando conta de tudo. No segundo e primeiro andares ficavam as salas de aula de química, botânica, história, a Biblioteca, o Auditório e tantos outros lugares que a minha cabeça não conseguia mais pensar. Estava tão apavorado que não conseguia sair do lugar e, quanto mais tentava uma brecha para chegar até o quarto onde estava a Lisa, mais o fogo tomava conta do local.


Desesperado me cobri com um cobertor molhado e fui caminhando no meio da fumaça, mas estava difícil de chegar ao quarto das meninas. O fogo tinha tomado conta e comecei a berrar, a chorar chamando à maninha.
- Lisa onde você está? Estou aqui e vim te buscar maninha.
De repente a minha voz ficou rouca e comecei a tossir ficando ofegante não conseguindo respirar.
Estava quase desmaiando quando senti um braço me puxar colocando-me nos ombros e quando acordei estava do lado de fora sendo socorrido pelos médicos.


Já recuperado a primeira coisa que queria saber era sobre Lisa. Caminhando no meio daquela multidão eu olhava para todos que estavam com o casaco do uniforme. Encontrei com o inspetor Fonseca e com alguns colegas perguntando  se a tinham visto, mas a resposta era sempre negativa.


Continuei minha busca e nada até que escuto uma voz baixinha me chamando.
- Fred, Fred eu estou aqui.
Olhei na direção de onde vinha à voz e para minha alegria lá estava a minha irmã sã e salva.


Olhei para ela bem de perto e sorri de ver que estava bem e sem nenhum arranhão. Ela foi logo tirando os meus óculos que estavam quebrados, olhando para as poucas marcas que ficaram em meu rosto e com todo o carinho nos abraçamos agradecendo a Deus por nada de grave ter acontecido num incêndio de tamanha dimensão.


Havíamos perdido nossos pais cedo num acidente de carro e fomos criados pelos nossos avôs maternos. Desde que a vovó ficou doente, acometida por um câncer, fomos encaminhados para este Internato para concluir o ensino médio. Uma vez a cada quinze dias íamos passar o final de semana em casa aproveitando para visitá-la.


Esperávamos ansiosos a chegada das férias para poder fazer companhia aos nossos avós, visitar os amigos, ir às festas da cidade aproveitando os prazeres da adolescência.


A vida nos mostrara momentos tristes e trágicos, mas estávamos ali unidos em família cheios de amor e carinho o que nos enchia de energia e força para continuar em busca da nossa felicidade.


RSantos

18ª Edição Desafio


Conto origem de 14/05/11
23ª Edição Roteiro
Pauta Bloínquês

3 comentários:

chica disse...

Quantas emoções aqui e um lindo final, enfim, após tudo! Legal de ler ! beijos,linda participação!chica

Sergio disse...

A vida é mesmo uma roda gigante, mas ao passarmos pelo pior, sempre etraímos belas lições, além claro, de sentirmos o amor daqueles que sempre podemos contar. Tenha uma semana maravilhosa; bjs!

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Olá.

Penso que a mensagem
final do texto
é perfeita.
È na família
que a paz nos acalma.

Viver é sentir os sonhos
com o coração.

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