sábado, 4 de setembro de 2010

"Esse foi o meu erro"


Espero aprender com os meus erros, pois há muito tempo deixei de acertar
e deixei me levar por aquele sentimento proibido.

Começou num beijo roubado que ainda sentia em meus lábios, nas palavras de desejo e amor sussurradas ao meu ouvido. Sabia que era comprometido e sentia medo, faltava coragem para aceitar aquela situação.

Naquele dia ensolarado os meus olhos cegaram e fui envolvida por aquelas palavras ardentes que saiam daqueles lábios sedentos de desejo que fizeram meu corpo explodir de paixão. Já sem forças para lutar contra esse sentimento que dilacerava minhas entranhas, esqueci tudo e deixei-me levar por minhas emoções e saborear cada pedacinho daquele momento.

O tempo passou e ficou na memória a lembrança daquela noite, daqueles beijos, do seu olhar, do seu cheiro, dos seus cabelos, da sua pele, do calor do seu corpo. Errei ao ter deixado acontecer esse momento único de amor que deixou raízes que só agora tomara conhecimento. Estava grávida e isso me deixava sentir tamanha felicidade, mas por outro lado enchia meu coração de insegurança por ter que assumir tudo sozinha.

Sabia que esse filho não tinha sido planejado, mas estava ali e não podia evitar os meus sentimentos. Tinha a certeza de que tinha sido negligente e não me preocupei para que isso não viesse a acontecer, mas independente de qualquer coisa tinha a obrigação, principalmente por aquele ser que estava em meu ventre, de pelo menos comunicar ao pai.

Como poderia chegar até ele sem que todos percebessem? Trabalhava na mesma empresa e desde aquele dia nunca mais ele sequer tentou olhar para mim.
Preparei uma carta explicando o que estava acontecendo e pedindo que se encontrassem para combinarmos o que fosse melhor para os dois.
Aproveitei que nos encontramos no elevador e entreguei o envelope em suas mãos olhando firme em seus olhos e sem dizer uma só palavra.
Passaram-se alguns dias e quando estava chegando em casa tive a surpresa de ver entre as correspondências uma carta sem o nome do remetente.

Cheia de curiosidade abri rapidamente e devorei palavra por palavra, linha por linha e a cada fôlego meus olhos ficavam arregalados e meus lábios secos e trêmulos.
Havia algo escrito ali, simples, claro e desconhecido. Só três frases. Ela as leu e sentiu o mundo balançar.
Três frases simples, duras e crueis que partiram meu coração em pedaços que soavam repetidamente em meus pensamentos.
- Não podemos assumir este filho e diga quanto precisa que eu te mande para dar um fim neste assunto.
- O que aconteceu foi uma coisa de momento e você sabia disso e devia ter se protegido e evitado que isso acontecesse.
- Estou sendo transferido para a filial do Canadá e a minha viagem já está marcada para o mês que vem e preciso que me respondas o mais rápido possível.

Foram três facadas em meu peito, mas respirei fundo e procurei me controlar. Pensava tristemente que esse homem não gostava de mim e que tinha que seguir a minha vida arcando com os meus erros.

Tinha a certeza de meu amor por ele, mas não era correspondido. Existia uma criatura que seu coração batia docemente dentro de mim e foi isso que me deu forças para aceitar a realidade dos acontecimentos.

Rene Santos

12a. Edição Projeto InVerbis
Imagens retiradas da NET

Um comentário:

Juci Barros disse...

Emocionante. Não deve ser fácil, mas filho não pode ser um erro, um serzinho que se forma, duas vidas em uma, penso no amor assim, puro.
Beijos.

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