sábado, 14 de agosto de 2010

"O meu calhambeque"


 
 
Entrei no carro dei a partida e senti uma sensação de liberdade misturada com felicidade. Foi assim que me senti quando recebi a minha Carteira de Motorista e ganhei do meu companheiro o meu primeiro carrinho. Era uma Brasília um pouquinho gasta, mas era o meu “Calhambeque” que me levou a muitos lugares apesar de tantos quilômetros rodados. Não era uma Brasília amarela como a dos “Mamonas Assassinas”, mas era uma princesa na cor marfim. Como passei momentos divertidos dirigindo o meu velho carrinho que dava para o gasto e me sentia até a “Senhora Buscapé” andando no seu Calhambeque antes de viver em Beverly Hills.

Diariamente seguia para o trabalho motorizada dirigindo com cautela e adquirindo mais segurança e confiança no decorrer do tempo.
 


Os dias transcorriam na mesma rotina até ter que comparecer a reunião de pais no colégio de meu filho. Sai um pouco mais cedo do trabalho e lá fui, num final de tarde, subindo a Serra que me levaria a Escola. Cantarolando a música que tocava no rádio ( não me perguntem qual era) subitamente me deparo com dois carros dando marcha ré em plena curva, levei um susto e fui automaticamente diminuindo a velocidade. Fui logo reclamando, chamando de loucos e etc...

Continuando a minha viagem entro na curva tranquilamente e, de repente, dou de cara com uma cena na minha frente que não sabia se tinha entrado num " Drive in" onde passava um filme de bandido ou se realmente era verdade o que estava vendo. Sim era verdade estava no meio de um assalto e resumindo a história em poucos segundos estava sendo rendida com um 45 no pé do ouvido.
A minha reação foi zero, fiquei paralisada e só me lembro de ter olhado pelo retrovisor e avistado uma moça num Monza preto. Depois disso foi um desespero, pois chegou a polícia atirando para todos os lados que parecia estar no meio de uma guerra.Como tive sorte, pois os bandidos correram para se defenderem e eu fiquei agachada junto aos pedais do meu velho carrinho que me protegeu dos tiros e permitiu que eu estivesse aqui contando essa história.

Foram momentos terríveis e confesso que não parava de rezar e só conseguia pensar no meu filhinho que estava lá me esperando.
 


Rene Santos

9a. Edição - Projeto In Verbis


(Imagen retiradas da NET)

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