O trote sempre foi visto como uma forma de boas vindas aos novos universitários que chegam com grande euforia, cheios de ansiedade e satisfação numa mistura de emoções por terem conquistado, depois de muito estudo, tão desejada vaga. Significa o início do seu “grito de liberdade” que mais a frente abrirá as portas de um mercado promissor de tantos profissionais de sucesso.
Os chamados “calouros” são recebidos, em seu primeiro dia de aula, com uma grande festa de boas vindas pelo veteranos. Essa festa nada mais é do que o tão temido trote que, em outras épocas, era organizado normalmente na Quadra de esportes da Universidade onde lhes aplicavam uma série de brincadeiras sadias como: pintar o rosto, as unhas, pedir para plantar bananeira, enfim várias atividades hilárias tendo como protagonistas os calouros que se divertiam e animavam a todos. Toda essa confraternização criava um laço de integração dos novos alunos a comunidade universitária já existente.
Este tipo de trote é realmente válido, gratificante e sinto orgulho em ter participado dessa época.
Podemos comparar o trote a vários tipos de eventos como chá de panela, chá de bebê e muitos outros que visam a comemoração de felicitação aos noivos pelo casamento, de boas vindas ao bebê que vai nascer. Uma forma de festejar, de mostrar alegria, de juntar os amigos e comemorar tão contagiante felicidade e é assim que vejo e aceito a brincadeira do “trote”.
Nos tempos de hoje presenciamos formas tão agressivas, cruéis e muitas fatais que transbordam a mídia fazendo do trote uma punição e não uma confraternização. O trote na maioria das vezes já não é mais aplicado dentro do estabelecimento universitário, pois a direção se opõe a responder por atitudes que nem mesmo planeja controlar ou organizar, deixando a livre arbítrio na mão de alguns “jovens insanos” que no vício de liberar tão maligna adrenalina e, espelhados nos heróis dos vídeo games que convivem desde a infância, se divertem sem imaginar quais as conseqüências.
Quantos jovens foram atingidos por estas formas cruéis de trotes, levados a deficiências físicas e mentais com traumas irremediáveis, deixando os seus entes entregues na esperança de um dia vê-los recuperados. Quantos vidas se foram e com elas os seus sonhos e de suas famílias, restando a dor e a tristeza de tamanha atrocidade.
Todos os anos, no período dos trotes nas universidades, presencio nas ruas milhares de jovens, com seus corpos pintados, pedindo “esmola” nos sinais de trânsito, abordando os pedestres na rua. Esmolas que serão utilizadas para comemorarem enchendo a cara de cerveja às custas dos outros. Que exemplo é esse? Espelhar-se na forma mais ostensiva e combatida no mundo de hoje onde crianças, jovens adolescentes são obrigados a pedir esmolas, na maioria das vezes, para sustentar o vício de seus pais ou quem quer que os “usem” , que ficam a espera do fruto deste crime sentados em seu pedestal de destruição.
Qual a solução para evitar que esse tipo de trote que virou um pesadelo continue a ocorrer todos os anos ? Deixo aqui a minha opinião e gostaria muito que fosse a opinião de uma grande maioria, para que pudesse ter a esperança de se tornar uma realidade. O que deveria ser feito em primeiro lugar seria criar uma lei proibindo o trote fora do estabelecimento de ensino. Permitindo que qualquer manifestação de trote só ocorra dentro da universidade.
Cada estabelecimento determinaria suas próprias regras podendo permitir ou não tal evento. Poderia haver a criação de uma comissão de alunos veteranos que ficariam responsáveis em organizar a recepção dos calouros de cada período/ano respeitando as normas pré estabelecidas pela reitoria da universidade. Atualmente, em alguns estabelecimentos privados, aplicam o trote solidário que é a obrigação do calouro levar algum mantimento não perecível para ser doado para uma entidade beneficente.
Várias seriam as soluções que nossas autoridades já deveriam estar colocando em pauta como uma de suas prioridades, visando acabar com essa tristeza de acontecimentos que dispara na mídia constantemente. Soluções que façam com que o trote volte a ser motivo de festa, de alegria de confraternização, que volte a ser o trote de boas vindas.
Rene Santos
"Vamos acabar com isso. . . "
20a. Edição Opinativa - Trote
Projeto Bloínquês
Imagens retiradas da NET
Um comentário:
Ficou mto, mto, mto bom mesmo seu texto.
A nota que dei foi merecido.
ou melhor... vc deu essa nota, pois apenas enviei o que mereceu.
Beijos, Rene
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