terça-feira, 24 de agosto de 2010

"O SEGREDO DO PASSADO"


Escondia um segredo do meu passado que somente uma pessoa sabia. Essa pessoa era o Júlio, um amigo de infância, advogado influente, que na época conseguiu me salvar de ser presa por porte e uso de drogas.
Pior que tudo isso foi a vida promíscua a que me levou esse vício, as pessoas com quem me relacionava cada vez mais levavam  para o fundo do poço. Consegui destruir quase toda a herança que recebi pela morte dos meus pais em um acidente de avião. Durante esse período de minha vida convivia com pessoas influentes. Todos sabiam quem eu era e usavam de chantagem para que eu os servisse em troca do sustento do meu vício.

Depois que fui detida durante uma batida policial na Boate Dallas é que a minha vida mudou. Meu amigo Júlio além de me ajudar, me levou para uma casa especializada em recuperação de viciados. Lá fiquei durante uns três anos, consegui me recuperar e sai com um emprego de lojista numa cidade do interior. Morava com uma amiga e me sentia bem levando uma vida normal e indo bem na loja que trabalhava.

Aos domingos costumava passear na praça da cidade onde havia uma feirinha de artesanato e sempre aproveitava para olhar as novidades e encontrar pessoas amigas. Num desses domingos me assusto ao perceber que estava naquela praça uma das pessoas que me relacionava no meu triste passado. Procurei esconder o rosto para não ser reconhecida, mas mesmo assim tive a impressão de que ele havia me reconhecido e, o pior, é que ele era jornalista de uma coluna do Jornal Cidade da capital. Procurei não dar muito importância ao fato e segui em frente indo para casa.


Passadas algumas semanas, estou entrando na loja para iniciar o meu dia de trabalho, quando observo que todos estão me olhando o que me deixou intrigada. Antes de perguntar o que estava acontecendo a Gerente da Loja foi logo me passando o jornal para eu ler. Em primeira página estava lá a minha foto de alguns anos atrás num estado deplorável e, ao lado, a minha foto passeando na praça olhando uma barraca de bolsas de palha. Já sabia qual era a matéria porque quando fui detida pelos policiais a mesma foi proibida de ser publicada. O meu amigo advogado cuidou de tudo e ficou tudo acertado e sem publicação alguma.


Liguei logo para o Júlio avisando o que tinha acontecido e este foi logo entrando em contato com a redação do Jornal para falar com o “tal sem caráter” e assim que ele atendeu ao telefone foi logo dizendo:
- Falei para você não publicar aquela história que só iria prejudicar àqueles que se comprometiam a aceitar o tratamento. Vejo que não vales nada mesmo, pois por pura maldade publicas uma história que já morreu e que não interessa mais a ninguém.

Resumindo o assunto ele conseguiu que fosse publicada outra matéria falando sobre a vida das pessoas que se recuperaram do vício e hoje levavam uma vida normal, trabalhando, estudando e procurando reconstruir uma nova vida.

Mesmo com todas as explicações e com a poeira assentada, a vida naquela cidade já não foi a mesma para mim e um ano depois estava saindo de lá e indo morar em Londres, onde tinha conseguido uma bolsa para estudar comércio exterior através de um intercâmbio cultural e tinha garantido também um emprego.


Minha vida to
mou um novo rumo e continuo em Londres, terminando meus estudos e trabalhando. Estou morando com um Inglês que é economista e pretendemos nos casar até o final do ano.

Apesar daquele triste segredo do passado posso dizer que hoje vivo um presente que me trará um futuro promissor. Obrigado meu amigo Júlio.

Rene Santos


58a. Edição Frase Livro

Imagens getty images e google

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